Fake

"Olá, decidi escrever esta mensagem, pensando nesses ultimos meses em que nos conhecemos, por vias gerais da internet, como MSN, Orkut e afins. Entrei no seu perfil e me impressionei com sua beleza estupenda, e também com a quantidade de comunidades a que você se uniu. Gostei principalmente daquelas relacionadas a matemática e física quântica.

Fiquei estupefato quando lí no seu perfil que sua série favorita é Jornada nas Estrelas, e que você gosta de jogar Line Age no sábado à noite, e que largou do Line Age para conversar comigo. Não conseguia crer que aquela linda morena de olhos verdes, que tinha apenas fotos de praias e baladas, gostava de xadrez, ouvir Mozart e música celta. Nossa, quase chorei quando lí que você tem a edição definitiva em capa dura do Watchmen, e uma coleção vasta de revistas do Homem Aranha!

Também não gosto de modinhas como Crepúsculo, e adorei ler no seu twitter que você sente nojo de Harry Potter, mas que ama O Senhor dos Anéis, e joga Magic com amigos da escola.

Pensei que finalmente havia encontrado alguém que me entendesse de verdade, e nossa conversa foi muito legal! Pensei que realmente existisse alguém que não visse apenas os óculos de armação grossa, o cabelo desgrenhado e a barbaq mal feita na foto do msn. Pensei que havia encontrado alguém que gostasse de ficar horas e horas na net procurando jogos de computador raros, e via suas fotos no orkut avidamente!

Eu estava apaixonado por você, Patrícia, até descobrir que na verdade, seu nome é Pedro, e que estudamos juntos na quarta-série, e me lembro bem de que você foi sempre aquele cara que mais pisou em mim.

Você me humilhava e me humilha! Como pode alguém com mais de trinta anos ainda querer discriminar outra pessoa. Somos iguais, eu e você! Não nasci diferente de ninguém, mas você insiste em me perseguir, fazendo-se passar por uma jovem garota, e iludindo um homem solitário.

Mas existe algo pelo qual você não espera: eu estou indo até aí, na sua casa, pôr um fim nessa história de humilhações!

Esteja pronto para o pior!"


Essa mensagem foi encontrada na cena do crime, onde jaziam dois corpos, o de Pedro e o de Adilson. Ao que tudo indica, Pedro teria provocado Adilson, fazendo-se passar por uma mulher que estaria apaixonada por este. Adilson, ao descobrir a farsa, dirigiu-se à casa de Pedro, munido de uma espada de enfeite, modelo semelhante às espadas inglesas usadas na idade média. Apesar de falsa e sem fio, a espada era de metal e era pesada. Um golpe bastou para desfigurar completamente o rosto de Pedro.

Adilson, após desferir o golpe, parece ter se sentido mal, e teve uma parada cardíaca. Quando a esposa e os filhos de Pedro chegaram em casa, viram Adilson, já morto e frio, no chão da sala, e no escritório, a arma do crime (a espada), e o corpo de Pedro, perto do computador.