quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Ironia

Sabe, depois de tudo, quando isso acabar, vou me enveredar por pântanos venenosos, cheios da hipocrisia que nos cerca, vou arrancar com as mãos o fruto prematuro da árvore em extinção, e vou esmaga-lo contra o peito, em protesto ao que foi hoje, e quem já não somos.

Se esse beijo durar mais que dois minutos, dois mil anos me serão suficientes para provar também do beijo frio da morte, e eu, rijo, terei prazer em abriga-la em meus braços e bradar: "minha amante!"

Não, não amei por amar, nem amei por viver, por conjecturas, ou conveniências. Amei porque vi ali algo que me satisfazia, e de forma egoísta, queria aquilo em minhas mãos. Ah, mas como eu as amei, e tão intensamente que chego a temer a idéia de amar com tal fervor de novo.

Prefiro a solidão. Essa preguiçosa e pastosa idéia de solidão. Não aquela velha idéia pré-fabricada de que a solidão é ruim, essa não. Antes a idéia de que, solitariamente, e em silêncio, eu amo tudo que já deixei, como se fosse no momento em que adquiri.

Meus sonhos não fazem agrado a mim, apenas trazer pânico. Eu caio, eu afogo, eu morro. E quando sonho com um corpo exuberante ao meu lado, suo na cama como criança, e tenho devaneios que me fazem nada além de mal.

But, if you come any closer, you will feel the heat.

Mas, se você se aproximar mais, você sentirá a queimadura, o calor.


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