terça-feira, 15 de julho de 2014

Construção de Um Homem Só

Em seus olhos, em sua hack quebrada, 15, não
30, não
40 revistas, talvez.
Sobre seu estilo de vida
sobre sua forma de gerir negócios
sobre seu pet e o corte de cabelo do momento
O QUE?

É urgente saber
em seus bolsos, leia rápido
tributos, impostos e contas
bitucas de cigarro, pontinhas

Mesa, pó, poeira e pó
tablet descarregada a meses
tv, de tubo, antes prata, agora qualquer coisa
marrom combina com tudo, não é?
Whisky, yeah, whisky in the jar
mas só um terço de whisky
e latas latas latas
vazias pela metade
quentes como o inverno, nesse meio de Julho

Cozinha, chão, meu Deus, quanta poeira
salgados, doces e condimentos
todos iguais e sem sabor
e poeira pra todo lado
por que não escrever S.O.S na poeira?
por que escrever qualquer coisa?

Um poster na parede, dois quadros na parede
que vontade de ter um poster e dois quadros
não tem nada na parede
marcas de dedos de algum momento sublime?
de algum momento comum

Comichão nas costas, costas na parede
parede na cabeça, cabeça no travesseiro, cabeça no trabalho
trabalho fora de casa e de casa não se sai
Beijos que voaram pela janela voltam em forma de mal cheiro
monstros horrendos saem do ventilador
poeira
piolho
cachimbo, é só um cachimbo
sem fumaça e sem fumo
não tem caixa de som, rádio e computador
não tem bateria no celular
tem marasmo e vontade de pular pela janela
mas você mora no térreo e não consegue nem ralar o joelho
nem dobrar a perna
nem acender o cigarro na sua boca
nem se matar ou sair matando
aaaaah


quanta poeira

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