quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Estática (ou ondas paralelas)

O televisor chora estáticas
e eu abraço o cobertor
a canção que toca são as ondas paralelas
o telefone na espera, a noite e o terror

tem mil pontos cintilantes em alta definição
cobrindo os meus olhos
como um cancer repulsivo
a luz me chama a atenção

tem uma sombra na sacada
o tapete vermelho vira sangue
os carros capotam nas calçadas
sinto sua força e seu arranque

estática na minha cabeça uma mulher
ela aparece entre ruídos visuais
ela deseja ter comigo a mocidade perdida
ela deseja meus anseios carnais

e vou adentrar nesse horário alternativo
dentro da televisão
entre ondas paralelas
vou me deitar agora debaixo do colchão

ondas paralelas e estática mental
frio fogo afaga meu corpo astral
os objetos se movem sem gravidade
é tarde demais pra recuperar a sobriedade

Nenhum comentário: