sexta-feira, 16 de julho de 2010

Acaso e pretensão

você me espera
estou na porta
entro de sopetão
e você está na janela
você sorrí
eu não te encaro
você me observa
e eu te sublinho
você constrói sonhos
eu piso nos tacos de madeira
você chora um bebê
eu sou materialista
você digita rápido
eu converso lento
eu desconverso bêbado
você atende alegre
você chora sem sofrer
eu sofro sem chorar
eu te espero na porta
você espera na janela
você observa as borboletas
eu desvio das formigas
você ouve o rádio
eu canto músicas de paixão
eu bato na sua porta
você não escuta do rádio
eu bato na sua porta
você continua cantarolando
eu saio da sua porta
você indaga se eu estive ali
eu saio da sua rua
e você me vê na rua
eu te esqueço entre prantos
e você imagina se eu algum dia viria a bater na sua porta
eu não poderei te chamar de minha
você sonhará em me chamar de teu
eu esquecerei
você esquecerá
um dia cruzaremos na rua
quem sabe então, poderemos conversar