domingo, 7 de março de 2010

Escândalo

Quebrar os copos, quebrar garrafas. Virar o carro visando atropelamentos. Eu não seria um cara assim, se ela não existisse. Ela se arruma toda para mim, ela diz. E dança para outros, dentro dos bares escuros. E eu vou até ela e a peço gentilmente que pare, e ela me dá as costas. Eu a puxo de volta, e digo que a amo, que sempre amei. Não amei, mas não achei mais ninguém.

Ela me chuta, ela me cospe e sai. Ela não liga pra mim. Ela se deixa levar por outros, intoxicados, loucos e abutres de plantão, enquanto eu apenas me sentaria no balcão do bar e beberia pra aceitar esse peso enorme que se acumula em minha mente.

dessa vez não. Eu a puxei e bati com o peito da mão na cara dela. Alguém me deu um soco na cara. Meus óculos voaram, voaram. Um outro me puxou, mas acertei um chute nela, que caiu em mim com as unhas no pescoço. Eu tentei levar os dedos aos seus olhos, para fura-los. Ela pegou a long neck que eu estava bebendo, e me socou na cara. Não estava bem e dei uma cotovelada nela. Me encheram de chutes. Alguém me ergueu e me jogou na sarjeta.

Eu vomitei, e me levantei. Não conseguia ver bem de um olho, mas acho que quebrei um dente dela ou o nariz com a cotovelada. Eu peguei meu carro, cantei pneu, virei e tentei acertar ela e todos os amigos. Alguns pularam e outros correram, levando ela pra longe dos faróis. Eu acelerei, e quilometros depois me deprimi e chorei. Não vi um poste, e bati.

O 911 chegou antes dela, bêbada e suja de sangue. No hospital ela veio me visitar, com um sorriso amável (nenhum dente se quebrou, só sangrou o nariz), como se nada tivesse acontecido, me deu um abraço e me disse no ouvido: "meu homem".

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