segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Objeto Indireto

Vou voltar pra casa
escrever textos eróticos, e me ver bailar em canções que só eu ouço
Como é longa a madrugada, preparei chá
como é forte a noite, troquei por conhaque, e a vida melhorou por alguns segundos

não é que eu não tenha o que fazer
o cigarro me consome e eu a vida
alguém vem amanhã tirar de mim a dignidade
milhares vêm tentar tirar de mim a força

E eu pensava, até algum minuto inóspito atrás, no meio de minha escuridão:
Sou o braço da revolução jovem, sou a carcaça dos novos tempos.

Não

Sou o abismo
Sou triste, e tenho vergonha
sou neutro
sou poeta de um tom só
sou sozinho
sou um bêbado
sou dois
três
sou a música de meus ouvidos
o canto
sou a saliva entre seus dentes
asco

quem sou eu?
Sou o conhaque que preenche o corpo
vagando na madrugada, tomando chá de chapéu de sol, e óculos de verão enquanto neva


O sol nasce, e a calçada dói nos lábios. Outro devaneio noturno, outra manhã devassa.
Ai de mim, louco e alcoólatra.

Um comentário:

E s t e r _ disse...

"Como é longa a madrugada, preparei chá
como é forte a noite, troquei por conhaque, e a vida melhorou por alguns segundos"



:D