segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O Rascunho

Quis escrever tudo
quis te escrever inteira
de maquiagem pesada, insólita
quis te ter no meu papel, com fúria
e aos berros, enquanto embebecido em álcool
quis tocá-la em acetato, queimar teus desenhos e escritos
quis tecer teus cabelos com meu nanquim

Não posso meu Deus, jamais ter aqui quem desejo
não posso também negar
mas esconder essa ternura me dói tal qual facada no peito
me dói não te dar torpor

quis te fotografar em preto e branco
quis fazer de suas canelas finas os pilares de minha existência
quis fazer do sal da tua pele o doce da minha loucura
ensandecido, quase me debruço no papel
procurando lá o seu perfume

Que o vazio me acometa, que minha mente se espaireça
não quero mais sofrer, mas não quero jamais passar um dia sem te ver
por isso, com sofreguidão, te listo em meu caderno
te rasgo a toda hora, e reescrevo indignado
não posso te retratar inteira, não posso ter da tua carne sequer a ponta
não posso ver teu cerne, nem consigo ver o fundo de seus olhos
Lascívia. Sofreguidão. Desejo inato de fazer você


ter você é proibido! Desejar você é inevitável.

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