sábado, 18 de outubro de 2008

O Botão

José estudou a vida toda para prestar um concurso. Mas não era um concurso qualquer!! Ele ganharia um salário bom, seria influente, mas isso não significava nada diante de sua responsabilidade e da gratidão das pessoas para com ele; ele ia prestar um concurso para ser aquele que vigiaria o botão!

Mas o que era o botão? Ninguém sabe dizer ao certo, pois as punicas coisas que se podia saber a respeito é que o botão ficava em terras ermas, longe de tudo e todos, dentro de uma cabine, pregado na parede. E ele era vermelho. Só isso.

José, desde pequeno ouvia os pais dizerem: "ele nasceu pra vigiar o botão, olha como é atensioso!!", ou então: "esse é o meu menino, vai ser o melhor vigiador do botão que já viveu!!!"
José não entendia nada, mas se sentia bem quando alguém o relacionava ao bendito botão. Claro, todos falavam como se o botão fosse importante, e como se quem o guardava fosse o messias do mundo.

Então José começou a estudar tudo que existia pra poder fazer a prova de vigia do botão. Ele estudou as religiões, todas as suas ramificações, e se impressionou com a idéia de que tantos deuses poderiam ser na verdade um, mas todo mundo queria que o Deus se dividisse, e que cada Deus usasse as roupas de cada povo, e que por isso, os povos brigavam, uns dizendo que Deus disse isso, e outros discordando daquilo, porque Deus dizia outra coisa. E José ficou mal quando leu que alguns povos não aceitavam o Deus dos outros.

Ele depois estudou matemática, e julgou que tudo é matématico, e que Deus devera ser um matemático disfarçado de revolucionário. Estudou física, pra aprender porque ele sentia seu próprio peso, porque o leão corria mais que o búfalo, e porque a mosca voa normalmente dentro de um automóvel a 100 quilômetros por hora.

E ele estudou biologia, e constatou que o mundo seria belo, não fossem aqueles que viviam aparecendo na televisão, em comitês especiais que, para José, só teriam de bom os salgadinhos. Ele entendeu que as plantas são vivas, que os animais não afetam o mundo como os homens. Ficou triste em saber que os pássaros Dodô haviam sido extintos, ele nunca ia ver um, e eles pareciam ser engraçados.

"Bom", ele pensou, "acontece..."

Um dia José conheceu João, e eles viraram amigos. João era mais inteligente que José, mais esperto e mais forte, e tinha mais talento. Mas João não queria estudar pra ser o guarda do botão, ele não gostava do botão, nem da cor do botão. João queria cuidar dos animais, e das pessoas que precisassem de ajuda.

Com João, José aprendeu filosofia, mas a filosofia não lhe fez bem, porque o fez indagar a respeito de coisas que pareciam muito certas. O cúmulo, pros pais de José, foi quando ele indagou:"o que acontecerá se alguém apertar o botão?"
A isso os pais responderam: "Olha, esse João vai te fazer perder a concentração nos estudos, e assim você perde a chance de vigiar o botão!"

Assim, José deixou pra sempre de ser amigo de João...

Depois de grande, José se apaixonou por uma colega da escola, e começou a se encontrar com ela. Maria! Então José pensou, do nada: "Queria ficar pra sempre com Maria, e voltar a ser amigo de João!".

Assim, José chegou da escola e disse à mãe: "mamãe, não quero mais ser o vigia do botão, quero casar e ter família, quero tomar cerveja com meus amigos"
Após ouvir isso, o coração da mãe de José parou, e parou pra sempre. E seu pai, tomado de ira, bateu em José até sentir dor nos punhos, até sentir que José tinha mudado de idéia.

José ficou num quarto fechado no hospital, todo machucado. Seu pai não o visitava e ele se sentia mal porque a mãe tinha morrido. Ele disse "Adeus, meu amor" pra Maria, e nem chegou a falar de novo com João. Maria desapareceu depois disso.

Para a surpresa de José, um dia o prefeito, o governador e o presidente de seu país vieram visita-lo, e lhe disseram que, se ele fosse o guarda do botão, poderia, depois de cumprir o seu dever, casar-se com Maria e ser amigo de João, pra discutir filosofia e tomar cerveja a vontade. E teria dinheiro, o maior bem que poderia ter!

Isso revitalizou José, os homens que governavam diziam a ele que ele levaria a bandeira de seu país à glória. Mais uma vez, ele se sentia "o futuro".

No dia da inscrição, ele topou com João na fila, e João parecia nervoso com tudo, com o mundo, com as pessoas. Ele arrancou um cartaz da parede e rasgou todo. E João então viu José, mas quando foram conversar, a polícia segurou João. Ele gritou: "José, vá a minha casa e fale pra minha mulher que eu amo ela, e peça pela carta! Mas só leia depois de passar na prova do botão!" "adeus amigo"!!!

José ficou pasmo... João sumiu!!! Ele recolheu o papel rasgado no chão, e juntou em casa os pedaços, como um quebra cabeças, e o que estava escrito não lhe parecia muito ameaçador, como pareceu pra João...

"BR......L, AME-O OU DEIXE-O"
"SIRVA AO ESTADO, E NÃO PERGUNTE PORQUE"
"SEJA UM BOM CIDADÃO"

Parecia bom, pra José... por que aquilo daria raiva em alguém?

José foi à casa de João, e então pediu a carta à sua mulher, que sorria tristemente para ele. A única coisa que ela disse foi "é você! O João estava certo! Eu confio em você"
"Onde o João foi?"
"Foi levado pra virar um bom cidadão no laboratório"

José se sentiu mal, passou mal. Queria ler a carta, mas teve medo. Por algum motivo, as palavras da mulher lhe pareciam más, ou tristes demais. Quando ela falou sobre ser cidadão, José se arrepiou... o que era tudo aquilo?

Ainda assim, José prestou a prova, e passou. Ele foi enviado à floresta, dentro de um caminhão fedorento, apenas com as roupas do corpo. Bom, ele descobriu que não havia mais floresta, que o botão ficava num cemitério de árvores. Ele perguntou ao motorista do caminhão porque estava tudo daquele jeito, e não ouviu resposta.

Ao entrar na casinha onde estava a parede com o botão, ele percebeu que ficaria ali sozinho, e pra sempre. Mas tinha televisão.
Ele assitiu todos os canais durante horas todos os dias durante uns 4 anos. Viu tudo o que havia de pior no mundo, mas sofria a lavagem cerebral dos mais impotantes canais. Ele viu um chinês parado na frente de tanques de guerra. Ele viu uma menina japonesa fugindo nua de uma explosão nuclear. Viu um documentário que o fez chorar por semanas, mostrando a vida de um urso polar que morreu de fome, e de calor. Viu que o resto da floresta onde estava havia desaparecido, e viu gente colocando fogo no mato, e pessoas colocando fogo em outras pessoas.

Depois de meses triste sem ligar a tv, José lembrou-se que havia a carta de João, e ele a pegou pra ler. A carta havia sido escrita à lápis e muito dela havia se perdido. Falava sobre amizade, e sobre interesses pessoais, comerciais, sociais. Falava dos problemas do mundo, e de como as pessoas causavam sua maioria. Falava do bem que alguns faziam, mas esses eram minoria. E no fim, João lançava no ar uma questão: valeria salvar tudo aquilo que não destrói o mundo? ou seria melhor confiar nos humanos, cuja destruição, maldade e desonestidade, eram mais e mais progressivos?

Parecia injusto pensar só no mal que o homem faz, e esquecer suas glórias e conquistas, então ele viu uma pequena observação na ultima linha do papel da carta. Lá dizia "se você acha injusto pensar em todo o mal que o homem faz, então pense que nunca o homem deu chance a um argumento da natureza".

José pensou, e chorou de novo, e de novo. Sentia enjôo, febre, coceira. Quebrou a televisão. Descobriu que a àgua que ele buscava num riacho estava contaminada. e Descobriu que seu país estava enriquecendo ladrões e coronéis, e empobrecendo outras pessoas.

Ele ficou louco, e num ultimo momento, ele escreveu o que pensava na parede ao lado do botão.

"O homem não respeita o mundo nem a si próprio... a natureza acolhe a todos, mesmo sendo assassinada por seu filho mais inteligente".

Ele olhou para o botão, levantou o indicador, e, em sua loucura, derramou uma última lágrima por tudo. E apertou o botão.

Na história da evolução da Terra, nunca ,mais ouviu-se falar do ser humano, pois tudo que havia sobre ele deixou de existir, suas cidades e máquinas viraram pó. Nem o botão vermelho restou.

No final, era só o pó. E ninguém nunca se lembraria nem dos homens, e nem daquele que os destruiu, por bem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito louco essa história!!!!

de onde vc tirou inspiração para escrever isto??????

ou vc tava meio nçksjfnpiuapsfjn qdo escreveu isto??????

só sei que ficou muito bom!!!!

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esse comentario deve ser o mais idiota de todos!!!!!!