quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Severa

Severa senhora que nomeia
tarde infinitas, sombras tortas
passa pelas calçadas
severa e torta senhora

sórdido ser que sou
sempre emblemático, posando de ser
ser alguém que eu não
para que então, pequena sombra
possas ver
a tarde que passa
severa e que não estou

cansado de sedativos
de emulação que a força motriz
do braço puxa, abaixo o arrepio infeliz
traz de volta a sombra torta que eu sempre quis

caminha, parda, eterna
pela obscuridade
uma amante infinita do olhar alheio
quisera eu estar à sua mercê
quisera eu um dia só ser eu inteiro
que as tardes passam eu não vou
e já aviso de antemão
antes posto do que morto
já aviso que não vou!

se passas sóbria, tenho que ver
se passas ébria, tem o que haver
nadas passa nada a dizer
se nunca mais passas, desejo morrer

e em minha miséria, meu perjúrio
faço falta apenas da inspiração
insípida, vida virtual que me falha
me abandona ao calor, sentindo tesão

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