quinta-feira, 1 de julho de 2010

Habitação

eu abri os olhos e te vi devolvendo um olhar que te joguei antes de sonhar. Você sorri sem perceber, e eu quero te fazer carinho. Sua pele é suave, e sublime, e não controlo meus movimentos, descendo a mão do seu pescoço até seus punhos, sempre macia, sempre angelical.

eu te observo de longe enquanto você pensa distante no que vai fazer depois do almoço. Eu queria ler pra você um poema, mas não lembro o nome. Você faz careta e pede pra eu cantar alguma coisa bonita. Eu não sei cantar, sei enrolar.

daí eu pensei que viver assim as minhas outras tardes seria tão bom. Queria te olhar o dia todo, esquecer que lá fora chove ou faz sol, esquecer outro calor que não o seu. Eu queria ver a noite morrer nos seus braços.

não sei, essa sua essência. Acho que você tem algo de um novo lar. Você pergunta em inglês e eu sussurro francês sem sabermos direito francês ou inglês. A gente quer sair pra comer mas eu continuo a te fitar.

eu fecho os olhos pra lembrar de você enquanto você ainda está aí. Eu abro os olhos e você me devolve aquele olhar que te joguei antes de sonhar.

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